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18 de jun. de 2010

Greek Belly Dance - Tsiftetelis









Neste texto gostaria de explicar um pouco sobre o estilo grego de Dança do Ventre, mais conhecido por Tsiftetelis ou Chifteteli (em turco), há tempos tenho pesquisado, estudado e observado mas ainda sei pouco sobre o assunto, entretanto gostaria de compartilhar este pouco.
Muito se discute sobre a origem desta dança, e é bem curioso o fato dos próprios gregos afirmarem e desconhecerem que sua origem não é turca, e sim grega, na verdade helênica (cultura grega oriental)! Isso se deve ao fato de que esta dança é muito antiga, provêm de rituais femininos e cultos as deusas da antiguidade, entretanto foi na Ásia Menor (Mikra Assia) que ela se desenvolveu mais parecidamente com o que conhecemos hoje. Esta região pertenceu à Grécia até o ano de 1453, quando os turcos otomanos chegaram e dominaram também boa parte do Oriente Médio, Grécia Européia e Asiática e Leste Europeu.
Vejam bem, os turcos são originários de tribos do Turcomenistão e região do norte da Mongólia, eram povos bárbaros e guerreiros e assimilaram a cultura dos locais onde passaram. Toda a região que hoje pertence ao litoral da Turquia, era Grécia e muitos gregos ali viveram até sua expulsão no século XX, ou seja, quando os turcos ali chegaram, já havia uma cultura fortemente estabelecida há cerca de 6.500 anos.
Neste filme, que trata da região de Smirna (atual Turquia) em 1922, podemos observar uma taverna onde se toca música grega e podemos notar a presença de gregos, europeus e turcos. Percebam que os instrumentos musicais clássicos gregos são os mesmos que os árabes (alaúde, kanun, daff, mazar, violino), que fumam arguile (ou narguilê em grego) e dançam o tsiftetelis!



Minha avó paterna era de Smirna, sua família foi expulsa pelos turcos pois eles se recusaram a se islamizar (o grego é cristão ortodoxo quase fanático), e eles fugiram para o Egito. Eles falavam o grego, seus costumes e tradições eram gregos, sua culinária, trejeitos e etc. A expulsão dos gregos desta região foi tamanha que hoje em Athenas existe uma bairro chamado Nea Smirna (Nova Esmirna), a maioria proveniente desta região, e que sofreram muita discriminação ao chegarem na Grécia por serem tratados como Turcos (daí o equívoco em se dizer que o tsifteteli e muitas outras coisas da cultura helênica são turcos). Um filme belíssimo que recomendo e trata exatamente deste assunto chama-se “O Tempero da Vida” (Politiki Kouzina).
A palavra tsiftetelis deriva da palavra do grego arcaico “diphuatila” que significa 2 cordas. Originalmente, este estilo de música era tocado num percussor de um instrumento chamado baglamá, que possuía apenas 2 cordas.
O nome da dança coincide com nome do estilo musical e com o nome do ritmo, o qual descrevo a seguir, e pode ser tocado tanto de forma lenta como mais acelerada:

DUM - TAK – TAK DUM – TAK

O estilo grego de Dança Oriental se difere do egípcio e do árabe em diversos aspectos. O principal deles está na ênfase em movimentos pélvicos e na postura da bailarina que executa a dança quase inteira numa posição com um leve cambrê e a pélvis a frente. Os oitos e redondos são muito comuns também e são executados com um “arrastamento” dos pés com os calcanhares bem apoiados no chão. Outra característica muito comum é a acentuação das batidas quase sempre para cima e também a dança executada no chão.
O próximo vídeo demonstra uma jovem grega dançando o tsiftetelis despretensiosamente:



Hoje em dia, é muito comum na Grécia tocar o tsiftetelis em casas noturnas, festas e eventos, e todos dançam, principalmente na formação de casal. O instrumento musical tradicional mais utilizado atualmente é o bouzouki, entretanto notamos que com a modernização e massificação cultural, instrumentos como o kanonis (kanum), tumbeleki (derback), daff, violino e clarino foram substituídos por teclados, baterias, guitarras, o que é lamentável e descaracteriza totalmente a cultura helênica!
Neste próximo vídeo, exemplifico um dos estilos mais tradicionais de tsiftetelis, que consiste numa improvisação de bouzouki:



A troca cultural entre gregos e árabes é também algo milenar, os gregos sempre tiveram grande fascínio pelo Oriente, tanto que levou Alexandre, o Grande até a Índia, e é muito comum nas letras de músicas gregas serem mencionadas as belezas e riquezas do povo árabe. Desde a antiguidade a Grécia importava cantoras do Egito pois eram consideradas as melhores vozes, faziam comércio com os Fenícios e adotaram seu alfabeto, estudavam o povo persa, podemos dizer que naquela época havia uma real globalização cultural e o que conhecemos hoje por cultura helênica, na verdade é a intersecção da cultura grega clássica com a cultura oriental.
Este intercâmbio acontece até os dias atuais, um grande exemplo disto é a música “Ya Ghayeb” ou “Posso Mou Lipis”, foi um grande sucesso pop.



Outro aspecto muito interessante que me deparei em minhas pesquisas, são as inúmeras estátuas e figuras da antiguidade, datando de aproximadamente 300a.c com bailarinas utilizando véus. Os snujs ou sagats(zíia em grego) também tem origem grega, de um período anterior ao da antiguidade clássica, chamada era do bronze, e eram utilizados um tanto diferente, nos polegares e indicadores, e não no dedo médio com nos dias atuais.
No próximo vídeo eu estou executando o Tsiftetelis de uma forma mais cênica, a música escolhida é do cantor Giorgos Dallaras, chama-se “Me teliosses”:



Outros Vídeos para apreciação:

Uma típica festa de casamento grego:


Bailarina grega radicada na Alemanha:


Outro de Smirna 1922:


Bom, vou ficar por aqui, abçssss

17 de mar. de 2010

A Dança na Música Árabe

A Dança Oriental, Raks El Sharki ou mesmo Dança do Ventre como é mais conhecida aqui no Brasil é uma dança fascinante, não só pelos movimentos complexos que exigem bastante consciência corporal e treino mas também pela sua integridade com a música.

Na filosofia oriental, dança e música é uma coisa só, não existe no universo música sem dança e vice e versa. Na música árabe os instrumentos tocam uma melodia em uníssono e a dança é mais um elemento que integra ao todo formando uma única arte.

Uma das principais características das artes árabes é a riqueza de ornamentos e com a música e a dança não é diferente, são numerosas em detalhes, são rebuscadas e possuem uma forte conexão com as emoções e com a alma.

Uma das características que mais diferencia a música oriental da ocidental são os modos, na música oriental existem mais de 400 escalas e isso é possível devido a não limitação de notas musicais sendo muito comum a utilização de quartos de tom. A essas escalas se dá o nome de “maqan” e para cada “maqan” podemos associar diferentes sensações, ou seja, existem “maqans” que enchem nossos corações de alegria, outros de tristeza, outros de nostalgia, espiritualidade, força, paixão, sono, euforia... Outra característica já citada anteriormente é a melodia tocada em uníssono por todos os instrumentos. Não podemos deixar de citar também as “taksins”, que são improvisos de cada instrumento dentro de um determinado “maqan” com ou sem base rítmica. E por falar em ritmo, não podemos deixar de citá-los pois são inúmeros podendo uma só música contemplar vários ritmos diferentes. São muitos detalhes além destes que vão moldar a música árabe, mas acredito que estes sejam os principais.

A Dança Oriental segue também pelo mesmo caminho, e uma das características mais interessantes é sua conexão o tempo todo com a música, acompanhando cada nota, cada ornamento e humor. Na dança precisamos nos entregar para música tal como uma mulher se entrega ao seu amado, precisamos respirá-la, senti-la, amá-la e nos envolver com ela explodindo toda esta emoção no movimento do corpo.

Uma adequada leitura dos ritmos e maqans também são essenciais para uma boa dança, cada ritmo tem uma contagem, ginga e cadência própria que serão traduzidas nos passos da dança, e a colocação destes passos também depende, além do ritmo, da instrumentação utilizada e do “maqan”. Um exemplo clássico é o ritmo “Said”, não é porque a música entrou neste ritmo que existe uma necessidade de usar passos folclóricos, outros aspectos precisam ser observados, principalmente os instrumentos e o contexto da dança. Existem também passos que não “casam” com determinados ritmos, por exemplo, o básico egípcio não “casa” com o Laff (Malfouf), apesar de “dar para fazer”, não é apropriado pois o passo completo se dá em 4 tempos e o ritmo Laff é binário. Além da questão técnica e matemática, um aspecto que eu costumo utilizar muito nos meus estudos de passos e ritmos é o histórico de um determinado ritmo, de qual região provém, para quais rituais era tocado, em quais culturas podemos encontrá-lo, e daí vou puxando o fio da meada que muitas vezes se enrosca, mas sempre acabo descobrindo coisas fascinantes.

Enfim, o estudo da dança e da música oriental é infindável, porém nos proporciona momentos intensos de prazer e emoção, pois nos remete a uma busca das nossas próprias origens como seres divinos que somos, e nos possibilita entender o que muitas vezes não conseguimos entender com a razão, mas sim com as nossas almas, basta fechar os olhos e sentir.

Para quem quiser saber mais, ofereceremos dois cursos em Maio/2010 relacionados ao assunto:

23/05 (domingo) das 15h as 19h – “Um Encontro com a Música Árabe” com Sami Bordokan
História da Música Árabe, sua estrutura, instrumentos, ritmos e escalas. Destinado a praticantes da dança do ventre, músicos e interessados na cultura e música árabe.

30/05 (domingo) das 15h as 19h – “A Dança na Música Árabe” com Sami Bordokan e Cristina Antoniadis
Reconhecimento e leitura de taksins e principais ritmos da música oriental. Destinado a praticantes da Dança do Ventre.

Informações – (11)3867-1738 ou 7274-9040