Escolhi este assunto para minha primeira postagem neste blog pois acredito que há uma grande confusão conceitual de “quem é quem”. Algumas pessoas podem ler meus textos e questionarem porque eu não diferencio em alguns aspectos os gregos dos árabes.
Em primeiro lugar precisamos entender quem são os árabes e diferenciá-los. É um erro generalizar um mundo que vai desde o Marrocos até o norte da Índia como sendo uma coisa só. Cada região pertencente a este mundo tem uma característica singular, uma culinária própria, alguns dialetos, costumes e tradições diferentes. O que os une então!!!
Eu poderia dizer que em primeiro lugar a língua árabe, mas não podemos esquecer que no Irã se fala o persa, e particularmente não acredito que alguém duvide de que o Irã seja um país com uma forte cultura árabe, este é o caso também da Turquia, onde se fala o turco. Em segundo, eu diria que o fator comum seria a religião, mas também não podemos esquecer que em alguns países como o Líbano e a Síria há uma quantidade significativa de Cristãos, e que em algumas aldeias estes chegam a representar 100% da população. Outro fator seria a influência e origem dos povos nômades da região do Golfo Pérsico, mais conhecidos como beduínos, entretanto estes povos foram além do que o mundo considera hoje de “árabe”.
Sendo assim, eu concluo que o que realmente une esses povos são fatores culturais, principalmente a música e a dança. A música árabe, assim como os cantos dos ritos islâmicos, tiveram sua raiz e grande influência da música bizantina, cuja origem é helênica. Não há diferença entre a música clássica árabe e a música clássica grega. São os mesmos instrumentos, os mesmos ritmos, os mesmos modos. Algumas danças de roda são idênticas, sem contar a dança do ventre, que também faz parte da cultura grega (saiba mais no artigo sobre Tsifteteli, clique aqui).
Quando comparamos gregos e libaneses, as diferenças são mínimas. Temos muita coisa em comum: na culinária por exemplo, pratos como charutinho de folha de uva, kafta ou keftê, o famoso churrasco grego ou chawarma, abobrinha recheada, sopa de feijão branco, coalhada seca entre outras inúmeras iguarias, isto sem contar os doces que são praticamente os mesmos, a maioria feita a partir de nozes, pistaches, massa folhada e semolina.
Costumes como ficar com uma espécie de terço (masbarha ou coboloi) na mão para acalmar, usar um amuleto azul e cuspir contra o mau olhado, levantar as sobrancelhas para dizer não, e inclinar a cabeça para o lado p dizer sim, milhares de palavras em comum, enfim, seria infindável descrever estas semelhanças, algumas tão sutis que somente no convívio diário para percebê-las.
Para não estender muito o assunto não vou entrar no âmbito histórico que muito contribui para que existam estas semelhanças. Mas é por tudo isso que eu sempre digo que em minha opinião a Grécia pertence à Europa geograficamente (e agora com a União Européia, economicamente também), mas culturalmente eu a classificaria no Oriente Médio.
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