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17 de mai. de 2019

DABKE - Origens e Características

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O dabke é uma dança folclórica muito popular na região do Levante no Oriente Médio.
"De uma forma geral, a região se resume à Síria, à Jordânia, a Israel, à Palestina, ao Líbano e a Chipre. Outras fontes definem o Levante de uma maneira mais ampla, incluindo porções da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito." (Wikipédia)

obs: a região do Egito acima referida é a porção asiática denominada Sinai.

região em verde escuro é o que se denomina Levante mediterrâneo - fonte Wikipédia
A origem do dabke é muito remota e até os dias atuais encontramos diversas danças muito similares em regiões próximas ao levante e que não são de língua árabe como a Turquia, Armênia, Grécia, Bulgária e Chipre.

Essa similaridade provavelmente se justifica pela influência dos povos chamados "pondios" (povos helênicos de provável origem fenícia que se fixaram e colonizaram toda região que fica em torno do Mar Negro e parte do Mar Cáspio no século VII ac.). Estes povos, de essência guerreira e famosos pelas suas habilidades com os metais, sofreram com diversas invasões e muitos foram obrigados a deixar seus lares e se dissiparam pelo oriente ao longo de mais de um milênio levando consigo suas tradições e se incorporando a outros povos e regiões assim como absorvendo as tradições dos locais para onde migraram. Infelizmente há muito pouca literatura a respeito destes povos e ainda não consegui achar mais informações de como estes povos se miscigenaram com outros em suas diásporas e como foram as trocas culturais que ocorreram desde então mas seria um pensamento muito limitante achar que estes fatos ocorreram de forma linear, isolada e sem diferenças regionais.


Pondios - pintura antiga
O que temos de fato são os descendentes dos Pondios, que na atualidade em sua maioria habitam a região de Tessaloniki/Macedônia - GR e que mantiveram suas raízes culturais, danças e tradições até os dias atuais e encontramos uma dança muito antiga em seus costumes que é extremamente similar ao dabke tanto na linguagem corporal, como na musicalidade e inclusive nos trajes. Como a origem étnica dos pondios ainda é uma lacuna e uma das teorias é que sejam de origem dos ditos “povos do mar” pelos antigos, e estes “povos do mar” muito provavelmente seriam os fenícios, que são os povos que deram origem ao Líbano, fica realmente muito difícil determinar de onde ou de quem realmente vem essa linguagem corporal, o que podemos realmente determinar é que ela existe, é muito antiga e está presente em uma extensa região.



Já a dança dabke propriamente dita é encontrada e praticada na atualidade em toda a região do levante e hoje é considerada a dança nacional do Líbano, Síria e Palestina principalmente. A teoria mais aceita é a de que é uma dança que veio do agrupamento dos homens das aldeias libanesas para preencher com barro as rachaduras dos telhados das casas ocasionadas pela grande seca que acontece no verão e assim evitar a infiltração de água no período de chuvas. Para amenizar o árduo trabalho cantavam e dançavam (com uma linguagem corporal já estabelecida em seus corpos anteriormente) ao ritmo das músicas enquanto batiam os pés para fixar o barro nas rachaduras. A própria palavra dabke significa bater o pé no chão, sapatear.

Um detalhe que não podemos esquecer quando se trata dos folclores do Oriente Médio é a grande influência das tribos beduínas de cada região, e com o dabke não é diferente, é uma dança e estilo musical que carrega consigo características próprias das danças beduínas como o uso da “zarghouta” (lilili) e de alguns trejeitos como as palmas com os dedos abertos.


Caracala - Grupo Folclórico Libanês
O dabke é originariamente masculino, grupal, com formação de semi círculo na qual a roda gira em sentido anti horário, é praticado de mãos entrelaçadas ou apoiadas nos ombros, e a ponta que “puxa” a roda é o líder ou dançarino mais habilidoso podendo ser ou não revezada por outros dançarinos que também possuam pleno domínio da dança. Em muitas aldeias quem lidera a ponta da roda é o ancião da comunidade e a ele cabe ao longo da dança ceder o lugar para os seus sucessores.

Nos dias atuais o dabke é dançado também por mulheres e cada vez mais tem se tornado uma dança de identidade cultural dos libaneses e palestinos sendo frequentemente praticada em atos políticos e patrióticos.


Dabke de Baalbeck - selo libanês
Neste artigo o meu foco foi descrever um pouco das possíveis origens desta dança tão popular e contagiante, mas muitos detalhes ainda podem ser abordados quando o assunto é dabke: a diferença do dabke tradicional para o dabke de palco, como levar para o palco sem descaracterizar, como são as músicas, quais os principais intérpretes e compositores deste estilo, como são os trajes, quais as diferenças regionais, quais os ritmos e tipos de passos... enfim, o assunto é bem extenso e requer um carinho especial, portanto prefiro deixar estes tópicos para abordar com detalhes numa próxima oportunidade.

Cabe dizer que todas as informações que coloquei aqui fazem parte de uma pesquisa pessoal de mais de 20 anos resultante de vivência em grupos folclóricos helênicos e de dabke (JOB), cursos e workshops com a mestra em cultura árabe pela USP, Márcia Dib, minha convivência pessoal de mais de 15 anos no seio de uma família tradicional libanesa a qual meu marido, músico árabe Sami Bordokan pertence, assim como aulas de música, ritmos e muitas conversas sobre o assunto com ele. Conversas, aulas e consultoria com o renomado ator, diretor cultural e coreógrafo libanês Mounir Maasri com o qual tive a honra de conhecer e trabalhar na minissérie “2 Irmãos” de Luis Fernando de Carvalho/Rede Globo, e muita dedicação e bunda na cadeira lendo, assistindo vídeos, documentários e fuçando cada detalhe, portanto, pode confiar que as informações são quentes kkkkk.

Eu e Mounir Maasri - cena do casamento na minissérie "2 irmãos"
baseada na obra de Milton Hatoun

Para saber mais sobre o dabke não deixe de assistir este vídeo no meu canal do YouTube. Aproveite para se INSCREVER, por lá eu posto bastante vídeo legal e assim você não perde nenhum detalhe!!
Até mais!!!




13 de mai. de 2019

A RAKSA NO UNIVERSO DA DANÇA DO VENTRE


Provavelmente você já ouviu falar ou assistiu alguma apresentação cujos bailarinos denominaram de “raksa”.

Mas afinal, o que é a raksa?

Como eu defino que uma dança é ou não raksa? Quais os movimentos, trajes, como é a linguagem corporal e onde é praticada?

A palavra “raksa” significa dança. Mas qual dança?

A DANÇA (simples e ponto final)

Aquela que é feita de forma espontânea, que faz parte das tradições e costumes, que é executada nas festas e celebrações e que é transmitida de pais para filhos.
 
eu dançando com o meu pai num reveillon
A raksa é a dança “solta”, a dança que não é feita em roda, que não tem passos pré coreografados, que é livre e que cada pessoa dança do seu jeitinho e com aquela linguagem corporal inerente aos povos orientais da qual a dança do ventre cênica se originou.

Ela é passada de geração em geração, através da observação e tradição oral. É muito comum de ver em casamentos e datas comemorativas e é dançada com as músicas pops (da moda), músicas populares, folclóricas e também nas partes dançantes das músicas mais clássicas.

Esta dança solta, livre e espontânea tem como base a movimentação de quadril, de ombros e tronco e um gestual das mãos muito delicados que carregam em sua linguagem o dia a dia das pessoas: o tônus dos braços que abrem a massa para fazer o pão pita, as mãos de quem tempera o carneiro, o ventre que carrega a vida e tem orgulho de ser a matriarca.... É uma dança que é executada por todos, inclusive pelos homens que muitas vezes acompanham a dança feminina com a finalidade de exaltar sua beleza e valorizar os movimentos da mulher.

Um exemplo muito comum acontece nos casamentos sírios e libaneses nos quais uma roda de dabke se forma e os noivos dançam a raksa no centro da roda.

A raksa não necessariamente precisa ser dançada de casal, é muito comum nas festas achar grupinhos de mulheres ou mistos que dançam juntos ou até mesmo pessoas que dançam sozinhas numa entrega completa ao momento e à música.


É executada em todo o Oriente Médio e também em países próximos levando as vezes outro nome. Na Grécia e Turquia por exemplo é chamada de tsifteteli/chifteteli, e o baladi no Egito nada mais é do que uma raksa que tomou uma forma própria e específica daquele povo.

Estudar a raksa é imprescindível para quem quer ter uma dança realmente oriental e entender as origens da dança do ventre, o contexto do qual ela faz parte e como ela se dá in natura no seu seio cultural. É literalmente beber da fonte, e quando fazemos isso nos apropriamos de um conhecimento que nos permite criar nossa arte de forma autêntica ao mesmo tempo que fidedigna às suas raízes.

Para saber mais, assista o meu vídeo sobre este tema no meu canal do YouTube

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6 de mai. de 2019

Cursos Online de Dança - FAZER OU NÃO FAZER

CURSOS ONLINE DE DANÇA FUNCIONAM???

Estamos vivendo num mundo de constantes transformações tecnológicas e muitas formas novas de ensino vão surgindo em decorrência disso e uma delas é o EAD. Mas será que isto funciona??

Como quase tudo na vida, a resposta é: depende!! E neste texto voltarei a minha atenção para o ensino da dança, pois cada área tem suas particularidades.

Com base na minha experiência percebo que muitos fatores irão influenciar na eficácia dos cursos online, mas existem algumas questões principais e que não podem ser ignoradas de forma alguma:

*Não existe milagre, não tem como aprender dança com poucas aulas online, por mais ninja que a pessoa seja, não tem como absorver tudo o que envolve uma plena consciência corporal, musicalidade, cultura, movimentos, desenvoltura entre muitas outras coisas num curso rápido de dança do ventre seja ele online ou não. Isso é propaganda enganosa, cuidado!!!

*Quem é o profissional que está ministrando o curso?? A pessoa tem propriedade naquilo que está se propondo a ensinar? Tem bagagem, tem experiência, é um profissional de qualidade??? Assim como nas aulas presenciais, fazer um curso com alguém com pouca qualificação é jogar tempo e dinheiro fora, além de poder te trazer consequências irreversíveis, como lesões corporais ou aprendizados completamente equivocados.

*Outro fator muito importante para a eficácia de um curso online é a disciplina do aluno, não adianta só ficar assistindo ou pior ainda, só adquirir e deixar guardado, se o aluno não fazer os exercícios e não repetir até que aquilo se incorpore não tem também muito proveito do curso, é igual aquele aluno que se matricula na aula mas não comparece, não vai sair do lugar.

*Quando ministrados por profissionais competentes os cursos onlines são um excelente material de apoio (assim como eram os DVDs e vídeos cassetes), entretanto nenhum EAD, por melhor que ele seja, substitui a aula presencial!!! Na aula presencial temos o contato humano, o olhar da professora diretamente para a aluna, a energia do momento, a orientação personalizada, a socialização, a troca, e por mais que a tecnologia se supere a cada dia, ainda não inventaram nada que substitua UM ABRAÇO!!!

Não deixe de assistir o meu vídeo sobre este assunto no meu canal do YouTube, deixe seu comentário lá também!!!
Abraços dançantes a todos!! (mas eu quero depois um abraço pessoalmente, kkkkk)








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