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Bem Vindo!!!

Bem vindo ao meu espaço de divulgação da minha arte e também da minha vivência como ser humano criativo!!! Aqui vocês encontrarão não só u...

7 de jun. de 2016

Bem Vindo!!!

Bem vindo ao meu espaço de divulgação da minha arte e também da minha vivência como ser humano criativo!!!

Aqui vocês encontrarão não só um conteúdo relacionado à dança oriental como curiosidades, impressões, vivências e outros assuntos relacionados à minha pessoa.

Espero que gostem deste meu espaço!!!

bjsssss
Cris

23 de jun. de 2015

Receita de Pão de Forma Integral com Fermento Natural

Seguindo a filosofia "a dança de dentro para fora", nada melhor para cuidar da boa forma e saúde de um corpo dançante (e também do não dançante kkkk) do que adotar os integrais, e se for feito em casa, sem os "antes" da vida, muito melhor pois estaremos sabendo exatamente o que estamos consumindo.

Hoje foi a vez de fazer pão integral em casa. Além de obviamente mais saudável do que os industrializados, fica muito mais saboroso e custa muito mais barato, porque os preços dos pães de forma integrais ultimamente estão um abuso!! Acreditem, vale a pena em todos os sentidos!

Outra coisa que eu tenho percebido é que fazer pães e massas é uma excelente terapia pois nos força a exercer coisas que estão se tornando muito raras hoje em dia como a paciência, o cuidado, o compartilhar pois dificilmente fazemos um pão enorme para comer sozinhos e a espera. Na era do imediatismo, quem aprende a esperar e a controlar a ansiedade é que nem míope em terra de cego!



Esta receita foi uma invenção minha a partir das coisas que aprendi sobre pães e massas e também seguindo a minha intuição, outro grande exercício que costumo por em prática na cozinha. Por isso nomeei este pão de "pão integral da Cris", mas uma dica importante é que as medidas são aproximadas já que costumo fazer "a olho", ou seja, sempre vai variar um pouquinho.

Ingredientes:
250 gr de farinha integral de qualidade
300 gr de farinha branca de qualidade
200 gr de fermento natural (clique aqui para ver como eu fiz), se quiser usar o de tablete, 15 gr (1 tablete) é suficiente, mas não sei se o resultado é o mesmo pois nunca fiz
1/2 xícara de açúcar mascavo peneirado
2 colheres de sopa de açúcar orgânico
2 colheres de sopa de azeite
sal a gosto (eu coloquei aproximadamente 1 colher de sopa cheia, ainda quero usar o sal marinho nessa receita, mas rodei 3 mercados sem sucesso...snifff)
250ml de água morna (eu coloquei 200ml de água e 50ml de soro de coalhada que reservei quando fiz queijo fresco, clique aqui)
pitada de canela (opcional)

Modo de Fazer:
Misture as farinhas e o açúcar mascavo (deixe uns 50gr de farinha branca para usar na sova da massa). Uma dica importante é que eu nunca coloco toda a farinha, só a integral, pois prefiro ir adicionando a farinha branca para dar o ponto, ou então pode-se dar o ponto da massa com a parte líquida, tanto faz)

Dilua o açúcar orgânico no líquido morno e misture ao fermento. Junte as duas misturas e o azeite até formar a massa. Sove bastante até dar uma boa liga e só então coloque o sal e a canela.

Sovar é um dos segredos para uma massa leve e macia pois esse ato adiciona ar que é o combustível da massa, então não economize, divirta-se e quando perceber que está bem lisinha e macia daí coloque para descansar aproximadamente umas 2 horas ou até crescer pelo menos uns 60%.

Abra a massa em um retângulo (a minha ficou tão macia que não precisei usar rolo), enrole como um rocambole e coloque numa forma para pão de forma ou bolo inglês.
Salpique canela e sementes se quiser e deixe descansar por mias 1 hora.

Asse em fogo médio (180 graus). E sirva-se depois de pronto e amornado!!!

Rendeu um pão de 800gr, equivalente a 2 daqueles industrializados!!!

17 de jun. de 2015

Fazendo Fermento Natural - A Saga da Cris

Todas as vezes que eu vou cozinhar algo que eu preciso de um ingrediente que não sei o que é exatamente fico com aquela curiosidade!! Daí fico intrigada e realmente incomodada em não ter o controle do que estou ingerindo. Esse foi o caso do fermento biológico.

Adoro fazer pães diversos, esfihas, massas e pizzas, mas em quase todas as receitas tem o tal do fermento biológico, e já me vi em situações que rodei 4 ou 5 mercados em busca do fresco sem sucesso (particularmente não sou fã do seco, além de ser mais incógnito, não dá o mesmo resultado final). Afinal, o que é isso??

Fermento biológico destes de tablete nada mais é que: Saccharomyces cerevisiae.

Cuma?????? Em português - levedura ou levedo. Sim, aquele mesmo da cerveja. Um fungo que se alimenta do açúcar natural contido no trigo e que faz a massa crescer. Esse fungo é super benéfico para a nossa saúde pois ajuda na nossa flora intestinal. Além disso, pães ricos em levedura costumam sustentar mais, pois tem mais proteína, portanto, comemos menos e a balança super agradece.

Depois de acessar a este conhecimento entre muitos outros detalhes legais, resolvi criar eu mesma meus bichinhos para me dar pães mais saudáveis.
Então, depois de passar hooooooraaaaaas pesquisando na internet, fiz o que costumo fazer, o meu jeito de fazer o tal fermento. Então comecei, e vou colocando aqui a minha saga para vcs irem acompanhando pois ainda não está pronto (demora uns 7 dias em média)

DIÁRIO DE UM FERMENTO:

1 - 16/06/2015 - 1h30 da madrugada (2ªf para 3ªf)
Num pote de vidro esterilizado misturei 3 colheres de farinha integral de qualidade e 3 colheres de água filtrada, tampei com papel toalha e elástico, furei o papel com uma agulha e reservei na despensa, última prateleira de cima para ter menos interferências possíveis.





2 - 17/06/2015 - 1h30 da madrugada (3ªf para 4ªf)
Não aconteceu muita coisa, não cresceu, apenas escureceu um pouco, mexi bem. O cheiro estava forte mas sem acidez, cheiro de farinha integral.
17/06/2015 - 11h30 da manhã
Dei uma espiada por fora do pote, pura curiosidade, cresceu metade do tamanho e estava com bolhas bem visíveis.

3 - 18/06/2015 - 1h20 da madrugada (4ªf para 5ªf)
Havia muitas bolhinhas, o cheiro já mais semelhante ao dos fermentos em tabletes, por baixo da massa formou um líquido amarelado. Adicionei 3 colheres de farinha integral mais 3 colheres de água filtrada, mexi bem e guardei novamente da mesma forma.



4 - 19/06/2015 - 1h30 da madrugada (5ªf para 6ªf)
Sem muita evolução, com bolhas e o líquido amarelado novamente. Adicionei 3 colheres de farinha branca e 2 colheres de água filtrada. Misturei bem e guardei igualmente.

5 - 20/06/2015 - 1h20 da madrugada (6ªf para sábado)
 Mesmo processo




6 - 21/06/2015 - 2h da madrugada (sábado para domingo)
Aí sim, dobrou de tamanho (notem a marca do dia anterior feita com caneta marca texto)!!! Não formou mais o líquido, a textura estava bem aerada, tipo de mousse, e o cheiro estava muito agradável. Cheiro de pãozinho recém saído. Dividi a mistura em dois potes iguais pois fiquei com dó de jogar fora a metade como é recomendado em algumas receitas, e também para poder experimentar processos diferentes no futuro, chamei a mistura originária de Adão e a segunda de Eva. Adicionei novamente 3 colheres de farinha branca e água nas duas e reservei da mesma forma dos dias anteriores.



7 - 22/06/2015 - 0h (domingo para segunda)
Dobrou novamente!! Mesmas características. Adicionei novamente farinha e água, entretanto na Eva coloquei quantidades equivalentes e no Adão coloquei mais farinha do que água. Reservei.
Durante o dia o aroma de pão gostoso invadiu o armário da dispensa e o volume dobrou logo pela manhã.




8 - 23/06/2015 - 1h30 da madrugada (segunda para terça)
O Adão dobrou e a Eva quase dobrou, mas as duas massas estavam lindas, textura de mousse bem feito e aroma maravilhoso. Coloquei um pouco do Adão na Eva para equilibrar as quantidades, pesei os dois e estavam com 150 gramas cada um, e então adicionei 75 gramas de farinha branca e 75 gramas de água. Misturei e agora já dá para perceber que os meus bichinhos estão prontos, 1 hora depois eles estavam quase transbordando o pote, visualizem a última marca que fiz no Adão, foi logo depois da mistura.
Então agora vou guardar a Eva na geladeira para dormir e o Adão já vou por para trabalhar amanhã mesmo! Daí eu volto para contar!!
bjksssss

Receita de Pão Francês feito em casa

Estou cada vez mais na onda de fazer meus próprios alimentos pois nada melhor para a nossa saúde do que sabermos o que estamos consumindo, a quantidade de ingredientes e sem aqueles famosos "antes" (conservantes, estabilizantes, corantes, emulsificantes...)

Então resolvi me aventurar no pão francês e me surpreendi com o resultado, a simplicidade e facilidade da receita. Requer apenas tempo e paciência, uma verdadeira terapia que vale muito a pena não só pelo exercício da espera, como pela aplicação de conceitos que ficaram lá atrás nas aulas de química, matemática e física, ou seja, um verdadeiro estímulo ao nosso cérebro. Além disso posso afirmar que gasta bastante calorias na parte da sova, o que nos libera totalmente da culpa na hora de saborear.



Também muito útil para brasileiros que moram no exterior e mooooorreeeeeeeem de saudade desta delícia, ainda mais com um queijinho fresco que você também pode fazer em casa, confira aqui a receita!

Então, chega de papo e vamos lá!!

Como fazemos em casa, usei pouca quantidade de ingredientes que renderam 8 pãezinhos, para fazer mais, basta aumentar tudo proporcionalmente.

Ingredientes: (use medidores pois a proporção nesta receita é muito importante)
300gr de farinha de trigo de boa qualidade
150ml de água bem gelada
15gr de fermento biológico
6gr de sal (2 colheres de chá)
3gr de açúcar (1 colher de chá)
3gr de melhorador de farinha (1 colher de chá)
1 colher de chá de margarina ou banha



Modo de fazer:
Misture bem numa vasilha a farinha, o melhorador, o açúcar e o fermento bem esfarelado.
Adicione a margarina e vá adicionando a água e misturando, é meio duro, se você tiver um multiprocessador para bater a massa nesta etapa facilita muito, depois que tiver homogênea comece a sova da massa, pelo menos uns 10min de estica e puxa, se necessário vá polvilhando farinha para não ficar grudando na mesa, é nessa hora que eu adiciono o sal, e vá sovando até ficar bem branquinha e bonita.
Polvilhe a farinha na vasilha e coloque a massa para descansar cobrindo com um pano de prato por uns 30min.
Retire um pouco do ar da massa e faça uma linguiça com ela para dividi-la igualmente em mais ou menos 8 partes.
Abra com as mãos fazendo um retângulo e vá enrolando que nem um rocambole, fica parecendo um bebezinho que cabe na palma da mão. (fica tão bonitinho). Ajeite numa forma com bastante espaço entre os pães e faça o risco transversal típico do pão francês.
Deixe descansar, até dobrar de tamanho, o tempo depende da temperatura ambiente mas é importante ter paciência, espere até dobrar de tamanho, o meu demorou umas 2 horas.
Deixe o forno bem quentão, eu costumo ligar no começo do processo principalmente em dias muito frios pois massa não gosta de frio, pouco antes de assar os pães coloque uma assadeira no fundo e deixe ela lá esquentando.
Borrife água nos pães já crescidos, é essa água que vai dar aquela casquinha crocante. Na padaria eles tem o forno vaporizado, como em casa não temos isso, borrifamos água no pão e aí está o porque da assadeira.
Antes de colocar os pães para assar, jogue água nessa assadeira e fará um vaporzão. Coloque então para assar. Quando estiverem dourados está pronto (o meu demorou uns 20min). E pronto!!! Pode consumir na mesma hora, com aquela manteiga que derrete ao passar no pão fica demais!!!

Dica: este vídeo me ajudou muito. Embora eu não tenha seguido a risca, vale a pena assistir!!

Espero que gostem, daqui uns dias farei pão italiano, mas para isso estou fazendo meu prórpio fermento que pretendo usar para sempre para deixar de comprar industrializado mais esse item.

Veja a saga do meu fermento, clique aqui!!

Até mais!!!!

Receita de Queijo Fresco Caseiro

Esta receita é muito fácil e vale a pena pois além de ficar muito cremoso, leve e delicioso, podemos saber exatamente o que estamos consumindo, sem os "antes" da vida!!!



Ingredientes:
1 litro de leite pasteurizado tipo B (de saquinho, leite fresco)
1 limão

Modo de preparo:
Coloque o leite para esquentar até quase ferver (importante não ferver), neste momento desligue o fogo e vá adicionando o suco do limão aos poucos mexendo sempre até talhar, vai ficar uma gororoba mesmo, kkkkkk.
Deixe descansar por uns 15 minutos, coloque um pano limpo (eu faço com coador de café de pano) e deixe escoar o soro. Salgue a gosto.
Depois de drenar completamente o soro coloque numa forma (eu usei um tapawer pequeno redondinho) a massa de leite talhada e vá pressionando bem. Coloque em cima um papel toalha e um pesinho (usei um copo tipo de uisque com água). Deixe gelar, desinforme e saboreie!!!!

Fica delicioso com pão francês feito em casa, para esta receita de pão, clique aqui!

Ainda quero experimentar usando ervas aromáticas e usar em receitas, depois eu conto.
Espero que gostem!!!!!

9 de ago. de 2014

Improviso na Dança Vicia!! Até num derbak!

Hoje vou compartilhar com vocês um pouco da minha vivência na dança!

Quando comecei a dançar eu achava inconcebível dançar de improviso, achava que não fica perfeito e que se perdia muita coisa na música, daí os anos foram passando e comecei a perceber que o improviso tb tem suas vantagens, e acho que a dança mais espontânea e de acordo com o que estamos sentindo naquele momento é a maior delas. 
foto: Thiemi Ota


Há uns 3 anos resolvi que queria aprender a improvisar de verdade e então comecei a praticar o improviso e comecei a viciar nesta forma de dançar, mas dançar um derbak de improviso pra mim ainda era demais.


Escolhi um derbak para minha apresentação no Sarau Oriente-se do Pandora Danças, que ocorreu no dia 02/08/2014, estudei muuuito a música e coreografei até a metade pois a semana foi muito puxada, dei uma boa ensaiada nesta metade e não tive tempo de coreografar a parte que o derbak "cresce", mas ouvi muito e marquei mentalmente algumas partes. 


Daí descobri algo inédito pra mim, improviso vicia. Entrei pra dançar e já nos primeiros 25seg da música fiz tudo diferente do que eu tinha ensaiado, quando percebi fiquei meio apreensiva (pra mim é nítido aos 30seg do vídeo a minha tensão) e foi então que após 5seg apertei a tecla "foda-se" e segui em frente, terminei a dança sem lembrar quase nada do que eu tinha feito, com as pessoas empolgadíssimas e elogiando muito a dança, e para a minha surpresa quando assisti o vídeo eu achei que ficou muito melhor do que eu tinha coreografado, muito mais solto, mais gostoso, mais dinâmico. Menos perfeito sim, mas muito mais intenso e verdadeiro!!! Enfim, fica a dica!! 

Segue o vídeo da dança, espero que gostem!!



14 de jul. de 2014

Ser Artista

O que é ser artista? Eis uma pergunta que vem me atormentando já há algum tempo! Principalmente no campo da dança oriental! Afinal, será que toda bailarina de dança oriental é artista? Ou será que algumas são artistas e outras são apenas executantes...

Atacada por uma rinite sem fim, ontem resolvi me deitar mais cedo e fuçar nos milhões de canais que temos disponíveis, e “para variar”, filmes repetidos de super heróis americanos e filmes de terror juvenil inundavam a programação. Então, sentada com a cabeça erguida por muitos travesseiros para poder respirar atiço meu controle remoto para o fim dos meus canais a cabo, para um canal chamado CURTA, ao qual sempre recorro e indico a programação. E apesar de não querer assistir nada muito denso pois o meu nariz e mal estar tiravam completamente minha concentração (por isso recorri primeiro aos canais de filmes, em vão), me deparei com um maravilhoso documentário sobre Manoel de Barros (coloquei o documentário na íntegra no final do post, vale muito a pena assistir)

Manoel de Barros, falei alto e indaguei a mim mesma, este nome não me é estranho....
E me lembrei de que este nome pertencia ao hall de leituras obrigatórias na minha época do colegial, o tal do ensino médio atual.

Manoel de Barros é um poeta brasileiríssimo, de uma originalidade ímpar e que retrata maravilhosamente bem o que é o Brasil.

“...tudo o que eu não invento, é falso...”

Encantada com sua entrevista, com os relatos das pessoas sobre ele, e com trechos citados de suas poesias, comecei a me questionar porque este grande artista não me marcou anteriormente, lá atrás, na minha adolescência quando tive acesso às suas obras!

Será que eu é quem não tinha maturidade ou bagagem suficiente para compreender a profundidade de suas palavras ou será que o ensino não soube me mostrar isso de forma que um adolescente achasse interessante? Para falar a verdade, nem lembro se li a obra deste poeta, pois não li vários dos livros obrigatórios, simplesmente li resumos de apostilas de cursinhos, “contrabandeadas” entre os colegas, com o único objetivo de decorar o que iria cair no vestibular!!!

Pois é, quantidade definitivamente não é qualidade, preferia ter lido uma só obra mas que esta tivesse ficado para sempre impressa em mim e que eu pudesse lê-la repetidas vezes. E assim, fiz a analogia, EURECA, ou melhor, em grego mesmo, ÊVRIKA, ou em português, ACHEI!!! Ao ler a frase deste maravilhoso poeta, constatei também que na arte precisamos improvisar e criar sempre, e para isto precisamos repetir os mesmos processos, e como disse o poeta:

“repetir, repetir e repetir... até sair diferente”

E assim concluí o que eu já sabia, tem algo de muito errado com o sistema de ensino...

Uma das coisas que mais me chamou atenção na entrevista foi a simplicidade deste poeta, certo momento ele disse, não me lembro das palavras exatas, mas foi a forma que eu guardei:
“A poesia não é para ser entendida, é para ser incorporada, se eu quisesse que fosse entendida de forma racional, seria prosa e não poesia”

Assim vejo também a dança, e todas as artes. E daí me lembrei das aulas de literatura, os professores fazendo a gente ler um monte de poesias e decifrá-las como enigmas, interpretá-las e etc... o que será que o autor quis dizer com isso?... Quanta besteira, não era melhor ler e absorver, de forma interna, deixar mexer e pronto!!!!

E então cheguei a mais uma conclusão. Não somos ensinados para “entender” a arte, ou melhor, absorver a arte.

"A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios."

Esses seccionamentos e encaixotamentos tão presentes no nosso mundo atual são tão ante arte que parecem até que não somos humanos!

Hoje na dança vejo muito este movimento de secção, de querer entender, explicar o que se dança, tudo precisa ter um roteiro lógico. A técnica tem que ser perfeita, a estética tem que ser perfeita, a representação tem que ser perfeita. Mas e seu eu sentir diferente, será que está errado? Como é que alguém pode julgar o que eu sinto?

Manoel de Barros não se importa de escrever “errado”, achei lindo quando ele falou sobre a fala das crianças, que dizem coisas sem sentindo mas que entendemos completamente e que querem dizer muito além.
...Pegar o vento...nadar no rio e ficar todo molhado de peixe... borboleta é cor que voa...sou da invencionática...
(que saco...o corretor ortográfico grifou de vermelho a última palavra, e quer alterar para invencionice, affff)

“Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.”

Manoel de Barros relatou que sempre achou que via as coisas de forma diferente da maioria das pessoas, que via tudo meio que invertido, e que não se acha muito normal. Acredito que todo artista se sente assim, mas será que nós é que não somos normais? Afinal, o que é ser normal? Na verdade, tenho a plena convicção que o artista de verdade é sim uma alma inquieta, enxerga o mundo de forma diferente, sente as coisas com mais intensidade, mas porque às vê da forma que elas realmente são!

“É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.”

Observo no meio da dança oriental bailarinas lindas e perfeitas, excelentes executantes de movimentos com figurinos caros e impecáveis, enchem os olhos daqueles que às prestigiam, mas será que isto é arte?
Será que só a perfeição é bela? Se assim fosse um quadrado seria sempre mais belo que um triângulo escaleno (aquele que possui lados e ângulos desiguais)

“... a importância de uma coisa não se mede com fita métrica, balanças ou barômetros. Que a importância de uma coisa seja medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.”

Mas afinal, o que é ser artista?

Se você achou que eu ia te responder com uma fórmula pronta o que é ser artista, é porque não entendeu nada!!!

“... entender é para parede, procure ser árvore.”


Documentário - Manoel de Barros - "Só dez por cento é mentira"